Há 43 anos aconteceu este difícil momento para nosso povo em Israel...
A Guerra de Yom Kipur
(A Guerra no Dia do Perdão)
Guerra do Yom Kippur (em hebraico: מלחמת יום
הכיפורים;
transliterado: Milchemet Yom HaKipurim ou מלחמת יום
כיפור, Milchemet
Yom Kipur, também conhecida como Guerra Árabe-Israelense de 1973, Guerra
de Outubro, Guerra do Ramadã ou ainda Quarta guerra Árabe-Israelense.
Momento
decisivo na história do Oriente Médio, as ações e decisões tomadas por líderes
civis e militares nas semanas que precederam a eclosão do confronto
determinaram o andamento da guerra mais difícil de Israel.
Na tarde
do Yom Kipur de 1973, sábado, 6 de outubro, Egito e
Síria atacam Israel. Surpreendido e tendo de lutar em duas frentes, num
primeiro momento o país enfrenta dificuldades, mas menos de três semanas
depois, em uma das mais impressionantes reviravoltas da história militar, seus
exércitos estavam a caminho do Cairo e Damasco.
A Guerra
de Yom Kipur foi um rude despertar para Israel.
Seis anos se haviam passado desde a atordoante
vitória da Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando exércitos israelenses
conquistaram as Colinas do Golã e a Península do Sinai. Na frente síria, o
Golã, apesar dos chamados “dias de batalha”, quando havia intensas troca de
tiros ao longo da “Linha Roxa”1, Israel mantinha sua hegemonia.
E a fronteira com o Egito, ao longo do Canal
de Suez, permanecia calma desde o fim da Guerra de Atrito 2, em 1970.
O ataque
simultâneo lançado pela Síria e pelo Egito, no Golã e no Sinai, no dia mais
sagrado do calendário judaico, encontrou Israel despreparado.
Nas
primeiras 48 horas, os dois exércitos inimigos avançaram significativamente.
Mas, o
ímpeto do combate finalmente pendeu para o lado de Israel.
Apesar do
terrível golpe que tinham levado e de suas perdas iniciais, as forças
israelenses reassumiram a iniciativa.
No início da segunda semana do conflito, os sírios já haviam sido rechaçados para além das Colinas do Golã e os israelenses estavam a poucos quilômetros de Damasco.
No início da segunda semana do conflito, os sírios já haviam sido rechaçados para além das Colinas do Golã e os israelenses estavam a poucos quilômetros de Damasco.
No Sinai,
após uma intensa luta, os israelenses atravessaram o Canal do Suez, adentrando
em território egípcio. E minutos antes de entrar em vigor o cessar-fogo determinado
pela ONU, estavam a caminho do Cairo e haviam cercado uma divisão egípcia que
se encontrava no Sinai.
Embora Israel tenha saído vitorioso, foi uma vitória amarga. A guerra foi ganha graças à bravura e motivação ímpar dos soldados de Israel, aliadas a seu profissionalismo e iniciativa, como acontece até hoje.
Embora Israel tenha saído vitorioso, foi uma vitória amarga. A guerra foi ganha graças à bravura e motivação ímpar dos soldados de Israel, aliadas a seu profissionalismo e iniciativa, como acontece até hoje.
Mas, o custo em vidas foi altíssimo - 2.800
mortos e 8.800 feridos.
As baixas israelenses foram maiores do que a
soma total dos mortos nas guerras de 1956, 1967 e na Guerra de Atrito.
Com o fim
da guerra, a sociedade israelense passou a externar duras críticas a seus
líderes políticos e militares. Não apenas por terem permitido que o país fosse
pego desprevenido, mas também por não terem avaliado a situação – e tomado as
devidas providências – nos primeiros dias da guerra. Shimon Agranat, presidente
da Suprema Corte, foi indicado para coordenar uma comissão de inquérito para
investigar os eventos que levaram à guerra e aos reveses dos primeiros dias.
A Guerra
de Yom Kipur foi um momento decisivo na história do
Oriente Médio. As ações e decisões tomadas por Israel nas semanas que
precederam a eclosão do confronto, bem como a Guerra propriamente dita,
deixaram profundas marcas no Estado Judeu.
O passar
dos anos reduziu a censura sobre o tema, principalmente em relação às
conclusões da Comissão Agranat, permitindo que atualmente se tenha uma visão
mais clara dos eventos.
A “síndrome da vitória”
Na tarde
de sexta-feira, 5 de outubro, três milhões de judeus se preparavam para o
início de Yom Kipur.
As ruas estavam tranquilas, não havia qualquer sinal que indicasse que, menos
de 24 horas depois, Israel estaria em guerra com a Síria e o Egito.
Os
israelenses não sabiam que, nas Colinas do Golã, a artilharia síria estava
posicionada em sua fronteira e que cinco divisões haviam sido despachadas para
a região. No dia seguinte, uma pequena força israelense teria que enfrentar um
pesado ataque. Tampouco sabiam que o Egito estacionara cinco divisões na Margem
Ocidental do Canal do Suez – 100 mil soldados, 1.350 tanques – e que barcos de
borracha estavam sendo posicionados à beira d'água para atravessar o canal. No
dia seguinte, 450 soldados israelenses, em 16 postos de observação espalhados
ao longo da chamada Linha Bar-Lev, e 290 tanques, enfrentariam 70 mil egípcios.
As
reduzidas forças de Israel posicionadas nas frentes egípcia e síria eram um
reflexo da “síndrome da vitória” que tomara conta do país após 1967. Israel
acreditava que nenhum país árabe, individualmente ou em conjunto, poderia
desafiar sua supremacia militar. Esse sentimento de invulnerabilidade e a
atitude de desdém pela capacidade militar árabe que se haviam infiltrado no
subconsciente nacional foram os principais responsáveis pelos erros cometidos
pelas lideranças civis e militares do Estado Judeu.
De acordo
com a avaliação da Inteligência militar israelense (conhecida pelo acrônimo
hebraico AMAN) sobre a capacidade bélica e as intenções dos países inimigos, a
Síria não entraria em nenhuma campanha militar sem o Egito, que, por sua vez,
não estaria em condições de atacar Israel antes de 1975. Tanto a cúpula militar
como a civil utilizavam-se das avaliações da AMAN para a tomada de decisões
estratégicas. As que foram tomadas nos meses e dias que precederam o início da
guerra seriam profundamente influenciadas pela visão intransigente e dogmática
de seu chefe, o General Eli Zeira.

Para
assegurar às Forças de Defesa de Israel (FDI) um alerta prematuro em caso de
guerra, a AMAN passara a analisar e avaliar as intenções bélicas inimigas não
apenas na inteligência coletada, mas também quanto ao “perfil” que traçara do
inimigo. Em relação ao Egito, a cúpula da inteligência militar estava
convencida de que Sadat não entraria em uma guerra contra Israel antes de 1975.
A avaliação decorria de uma informação que a AMAN recebera de importante fonte
egípcia, de codinome “a Fonte”3. Posicionada nas altas esferas governamentais
egípcias, a Fonte transmitira a Israel que Sadat só enfrentaria Israel se duas
condições fossem preenchidas: o fornecimento por parte da União Soviética de
bombardeiros de longo alcance e de mísseis Scuds capazes de atingir Tel Aviv. E a AMAN
avaliara corretamente: sem o Egito, a Síria não se atreveria a atacar Israel.
Ao
assumir seu posto, Zeira herdara e abraçara incondicionalmente essa avaliação,
que passou a ser chamada de o “conceito”. Baseando-se apenas nesse “conceito”,
o chefe da AMAN passou a garantir à cúpula militar e ao Gabinete da Primeira
Ministra Golda Meir que não haveria guerra. O que Zeira não sabia é que, em
outubro de 1972, Sadat informara ao Alto Conselho Militar que pretendia
enfrentar Israel militarmente sem esperar por aviões de longo alcance ou pelos
mísseis Scuds.
Preparando-se para a guerra
Para ter
alguma chance de vencer Israel, Sadat estava certo de que era essencial, do
ponto de vista estratégico, que o Estado Judeu fosse atacado em duas frentes.
Ele também sabia que Hafez Assad, líder sírio, só se arriscaria a uma guerra se
tivesse certeza que o Egito estava-se empenhando em uma campanha militar total,
que atrairia no Sinai a maior parte da força militar de Israel.
Sadat e
Assad tinham objetivos bélicos diferentes.
Para Sadat, a guerra era uma opção
desesperada, mas não via outra saída se o Egito quisesse recuperar o orgulho
nacional destruído após a humilhante derrota sofrida na Guerra dos Seis Dias.
Não pretendia recapturar militarmente todo o Sinai, mas queria infligir um
golpe curto e certeiro que servisse para sacudir de seu status quo o processo diplomático e político.
Sadat queria sentar-se à mesa das negociações com Israel numa posição de maior
igualdade. Assad, por sua vez, via a guerra apenas como um veículo para
reconquistar, pela força, o território perdido em 1967, e se recusava a
reconhecer o direito de Israel à existência e à participação em qualquer
processo diplomático que envolvesse esse país.
O
primeiro passo que Síria e Egito deram na direção de um confronto bélico foi a
reestruturação de seus exércitos e modernização de seus armamentos. Em abril de
1972, a CIA chegou a alertar Israel sobre o aumento e a modernização do poderio
militar dos dois países, mas os israelenses não deram importância à informação.
Nos meses anteriores à guerra, a União Soviética vendeu e enviou à Síria e ao
Egito uma grande quantidade de modernos armamentos. Entre estes, equipamentos
para visão noturna, uma nova geração de veículos de infantaria e os mísseis
antitanques Saggers,
que podiam ser manejados por um único artilheiro. As FDI não demonstraram
grande interesse nos Saggers,
mas assim que irrompeu a guerra, ficou claro que eles eram uma ameaça à
superioridade dos tanques israelenses no campo de batalha.
Para os
dois países inimigos, a Força Aérea israelense representava o maior perigo, já
que nas guerras anteriores seus extraordinários pilotos haviam imposto grandes
perdas a seus adversários. Para tentar neutralizá-la, egípcios e sírios haviam
instalado um denso e amplo sistema de defesa antiaérea, equipado com os mísseis
superfície-ar – os SAM (do inglês surface-to-air missile) –de
fabricação soviética. No Golã, os consultores e técnicos soviéticos assumiram a
tarefa de integrar um conjunto desses mísseis com diferentes altitudes, radares
e sistemas óticos de controle de disparo.
Apesar de
todos os preparativos militares, a surpresa era o elemento-chave da estratégia
militar. Se conseguissem surpreender Israel com um ataque simultâneo em duas
frentes – no Sinai e no Golã – sírios e egípcios teriam preciosas horas de
vantagem para avançar e consolidar suas posições antes que as FDI pudessem
reagir de forma decisiva.
Para
despistar a inteligência militar israelense, criou-se uma sofisticada campanha
de simulação, com informações falsas vazadas para a mídia, inclusive sobre um
suposto estremecimento entre Cairo e Damasco. O ministro de Guerra do Egito,
Ahmad Ismail Ali, chegou a dizer que o poderio militar de seu país era
insuficiente para uma confrontação com Israel. Muito importante nessa campanha
foi a habilidade em manter as intenções bélicas em um círculo restritíssimo.
Segundo o Mossad, até o final de agosto, apenas quatro membros do alto escalão
do exército egípcio e dez do sírio sabiam dos planos. Pouquíssimos soldados
sabiam que estavam para entrar em combate até poucos minutos antes de ser
lançada a ofensiva.
Israel é alertado sobre as intenções bélicas
No mês de
setembro de 1973, Israel recebeu, de fontes confiáveis, 11 alertas sobre as
intenções bélicas do Egito e Síria, uma delas inclusive do rei Hussein da
Jordânia. No dia 25, Hussein foi a Tel Aviv para se reunir com a então primeira
ministra Golda Meir. Há anos o monarca jordaniano vinha mantendo contatos
secretos com Israel. Hussein, que duas semanas antes se havia reunido, no
Egito, com Sadat e Assad, teria dito a Golda Meir: “Os sírios estão em ‘posição
de pré-largada’ para a guerra”.
Em setembro,
já estava claro para os israelenses que ganhava ímpeto um maciço acúmulo de
forças sírias a Leste da linha de cessar-fogo. A partir de 20 de setembro,
fotógrafos de reconhecimento da Força Aérea de Israel (FAI) revelaram que já
havia três divisões da infantaria síria, com suas respectivas brigadas de
tanques, em sua linha de frente, e mais unidades mecanizadas e de infantaria na
segunda linha. Inicialmente, a inteligência israelense interpretou o fato como
evidência de exercício de treinamento do exército sírio. Após a batalha aérea
travada em 13 de setembro entre aviões israelenses e sírios, a avaliação da
AMAN foi de que os sírios temiam um ataque israelense.
Havia
também movimentos de tropas egípcias em direção do Canal de Suez. A
inteligência militar israelense os atribuiu a um exercício militar que seria
realizado de 1 a 7 de outubro. Não deram importância ao fato de que os egípcios
não poderiam realizar um exercício militar nesses dias, pois caíam durante o
Ramadã, mês de jejum e orações para os muçulmanos. Assim, embalados por uma
dupla ilusão – exercícios militares e nervosismo sírio – Israel permanecia
impassível enquanto seus inimigos posicionavam seus exércitos nas respectivas
fronteiras.
No dia 30
de setembro foi a vez dos Estados Unidos alertar os israelenses sobre a
iminência de um ataque sírio (há quem afirme que a fonte foi o rei Hussein).
Henry Kissinger, recém-empossado Secretário de Estado americano, transmitiu a
Israel sua preocupação. Naquele mesmo dia, o Mossad reafirmou os alertas de que
a guerra eclodiria em breve, simultaneamente, nas frentes síria e egípcia.
Na manhã
seguinte, preocupados com as informações sobre as movimentações militares da
Síria e do Egito, o General David Elazar, chefe do Estado Maior, e seu vice, o
General Israel Tal, bem como outros membros da cúpula militar, reuniram-se com
Moshe Dayan, então ministro da Defesa. Zeira serenou os ânimos, reiterando que
acreditava ser “pouco provável” a eclosão de um conflito militar. Os demais
aceitaram a avaliação. Elazar e Dayan não sabiam, no entanto, que ela não era
endossada por toda cúpula da AMAN e tampouco por Zvi Zamir, diretor do Mossad.
Tampouco sabiam que as informações das guarnições ao longo do Canal de
Suez e dos postos no Golã, sobre a intensa movimentação de tropas, não estavam
sendo transmitidas ao Estado Maior.
Para
vários generais, no entanto, os sinais apontavam para a guerra. O General
Yitzhak Hofi, Comandante Geral do Comando Norte de Israel, por exemplo,
externou ao Estado Maior sua preocupação com a concentração síria e a
introdução das baterias SAM,
alertando que, em pouco tempo, estariam em condições de atacar, de forma
avassaladora. No dia 1o de outubro, o General Avraham Mandler colocou seus
homens, a 252a Divisão de Blindados no Sinai, em alerta 1.
Naqueles
dias fatídicos, outros fatores ajudaram a tirar a atenção dos líderes civis das
fronteiras do Egito e da Síria. Na Áustria, no dia 28 de setembro, terroristas
palestinos haviam tomado como reféns cinco imigrantes judeus. Uma das
exigências para que não fossem executados era o fechamento do Centro de
Trânsito de Schönau, em Viena, que recebia judeus soviéticos. O chanceler
austríaco, Bruno Kreisky, dobrara-se às exigências e Golda Meir, que estava num
congresso na Europa, seguiu até Viena para tentar convencê-lo a não ceder às
exigências terroristas. Kreisky se recusou e Golda voltou a Israel na terça
feira, 2 de outubro.
Numa
reunião do Gabinete, realizada no dia seguinte, a AMAN tranquilizou a primeira
ministra sobre os alertas com as intenções bélicas da Síria e Egito. Era
verdade que os dois países haviam traçado planos de ataque contra Israel, e que
há mais de dois meses esses planos eram do conhecimento de Israel, mas
insistiam os chefes da AMAN não haver perigo concreto em futuro próximo.
No dia 4
de outubro, os fatos desmentiam a avaliação da cúpula da inteligência militar.
Fotografias aéreas revelaram que a concentração egípcia e síria de tanques,
infantaria e SAMs estavam em nível altíssimo, sem
precedentes. Os técnicos do Departamento de Pesquisa da AMAN descreveram,
posteriormente, o “efeito de golpe de martelo” que as fotografias exerceram
sobre eles. E, ainda assim, nada foi feito. Naquele dia, Israel recebe a
informação de que famílias soviéticas estavam sendo rapidamente retiradas do Egito
e da Síria, em um claro sinal de que algo estava para acontecer.
Zeira
recebeu mais dois alertas do Mossad sobre a iminência de uma guerra, mas, mesmo
assim, não mudou sua avaliação: era baixa a probabilidade de que uma guerra
fosse eclodir.
Confirmada a informação sobre a guerra
Eram as
primeiras horas da madrugada do dia 5 de outubro quando, em Londres, o telefone
tocou na casa de um agente do Mossad. Do outro lado da linha estava “a Fonte”.
Ele queria um encontro imediato, em Londres, com o chefe do Mossad. Logo em
seguida, Zvi Zamir foi acordado por seu agente, que lhe transmitiu o pedido e a
“palavra” que o informante egípcio acabara de lhe passar. Era o código para
“guerra”. Zamir decidiu partir imediatamente para o encontro, na Europa.
Na manhã
da 6ª feira, 5 de outubro, a tensão estava no ar na reunião que Dayan teve com
Zeira, Elazar e outros membros do Estado Maior. Yom Kipur iniciava-se ao pôr-do-sol e havia
decisões a serem tomadas. As mais recentes fotografias aéreas mostravam que,
nas últimas horas, crescera ainda mais a concentração de forças egípcias ao
longo do Canal e das sírias nas Colinas do Golã. As novas imagens liberaram
Elazar da ambiguidade. Há dias ele já vinha embalado pela “baixa
probabilidade”, mantra da AMAN. Ele decidiu enviar alerta C – alerta máximo –
às Forças Armadas – e colocou a rede de mobilização geral em compasso de
espera, cancelou as dispensas das tropas e despachou para o Golã a Sétima
Brigada de Blindados. Autorizou, também, o comandante da Força Aérea a convocar
os reservistas. Essas providências foram de extrema importância para Israel.
Em
Londres, era meia-noite do dia 5 de outubro quando Zamir telefonou para Tel
Aviv. Na reunião que tivera com a “Fonte”, o egípcio o informou sem rodeios
sobre o que aconteceria nas próximas horas: “O Egito vai atacar antes do
anoitecer, seguindo o plano já de posse de Israel”.
Nas
primeiras horas do dia 6 de outubro, líderes civis e militares israelenses
foram acordados para o mesmo pesadelo – estavam erradas todas as suposições de
que não haveria guerra. O ritmo foi-se acelerando rapidamente assim que Elazar
foi alertado. Para o chefe do Estado Maior, Israel estava em uma situação
potencialmente calamitosa, pois uma das premissas básicas em que se baseava a
segurança do país era a de que a Inteligência militar forneceria 5 a 6 dias de
alerta de guerra, no pior dos casos, 48 horas para que o país se preparasse.
Na guerra de 1967, as FDI tiveram três semanas para revisar e sincronizar os planos de guerra, preparar os reservistas, os armamentos. Agora, só teriam uma poucas horas.
Na guerra de 1967, as FDI tiveram três semanas para revisar e sincronizar os planos de guerra, preparar os reservistas, os armamentos. Agora, só teriam uma poucas horas.
Às 5:50h,
Elazar reuniu-se com Dayan, que ainda duvidava da irrupção de uma guerra. Para
sua surpresa, o Ministro da Defesa se opunha a um ataque preventivo – que há
poucos meses ele prometera às FDI fazer – e uma mobilização geral dos
reservistas. Quando três horas mais tarde Elazar se reuniu com Golda Meir, ela
também vetou um ataque preventivo. Em caso de guerra, disse Golda, Israel
necessitaria do suporte bélico americano que, ela acreditava, dependia de Israel
estar sendo alvo de agressão. Concordou, no entanto, com a mobilização geral.
Às 9:25h foi dada essa ordem. No entanto, quatro horas preciosas haviam sido
perdidas em discussões. Logo em seguida, Golda colocou o Embaixador americano a
par da situação, afirmando que Israel não faria um ataque preventivo.
Às 10
horas, Elazar desceu à Sala de Crise, no subterrâneo – o Poço – para se reunir
com Estado Maior e Dayan. Zeira também estava na reunião, apesar de ainda
duvidar de que haveria uma guerra.
O Gabinete
também foi informado por Golda acerca da situação; nenhum de seus membros
sequer imaginava que Israel estivesse à beira de uma guerra. A reunião estava
terminando quando um assessor entregou a Dayan um bilhete informando que os
aviões egípcios estavam atacando no Sinai. Eram 14h do dia 6 de outubro.
A
mobilização total dos reservistas já estava em andamento; mais de 200 mil civis
se preparavam para lutar. Muitos deles estavam na sinagoga quando receberam a
ordem de mobilização. Os Rabinos subiram aos púlpitos para abençoar os que iam
para a frente de batalha, dizendo-lhes “Chazak v´eematz, sejam fortes e corajosos”. Nas ruas,
homens usando kipáe talit podiam ser vistos saindo apressados de
casa ou das sinagogas. Sabiam que os soldados estacionados nas frentes de
combate teriam que enfrentar uma batalha desesperadora. Ao receber a notícia,
os reservistas que se encontravam fora de Israel se apressaram a voltar. Todos
sabiam que o futuro do país iria ser decidido nos campos de batalha, nos dias
que se seguiriam.
A escolha
egípcia e síria do dia de Yom Kipur para o início das hostilidades provou
ser um erro. Eles calcularam que nesse dia a mobilização seria mais lenta e
seus exércitos teriam horas de vantagem, já que os reservistas israelenses eram
convocados por códigos transmitidos por rádio cujas estações estariam fechadas
nesse dia. No entanto, a mobilização foi muito rápida. Em Yom Kipur era fácil encontrar os reservistas, a
maioria estava em casa ou na sinagoga. Ademais, a ausência de trânsito nas estradas
permitiu que eles chegassem rapidamente aos pontos de encontro e às bases. De
fato, 85% das unidades chegaram às frentes de batalha dentro do tempo
planejado, muitos em até metade do tempo. Sua chegada iria mudar o rumo da
guerra.
A sorte
da guerra é quase sempre, ditada pela
qualidade de seu componente mais básico – o soldado.
Quer ele seja comandante
ou soldado da infantaria, o destino das nações pode depender de seu desempenho
no campo de batalha.
Ainda que poucas ações individuais possam ser consideradas
fundamentais para o desfecho de uma batalha, há decisões e eventos particulares
que podem mudar o jogo. Quase sempre, é o julgamento dos comandantes o que
determina a vitória ou a derrota. Esta constatação não foi diferente na Guerra
de Yom Kipur, quando a sobrevivência do Estado de Israel, em jogo, foi salva
pela coragem e valor dos comandantes e soldados de Israel.
1
Designação da linha de cessar-fogo entre Israel e Síria após a Guerra dos
Seis Dias, de 1967.
2 Guerra de Atrito entre Egito e Israel; teve início em 1969.
2 Guerra de Atrito entre Egito e Israel; teve início em 1969.
3 A
identidade da “Fonte”, um dos mais intrigantes mistérios da guerra, pode ter
sido revelada em 2002 por um escritor israelense, que vivia em Londres, e que
alegou ser ninguém menos que Ashraf Marwan, genro de Nasser. Marwan serviu como
elemento itinerante para solucionar problemas, tanto para Nasser como
posteriormente para Sadat, em assuntos sigilosos de Inteligência e diplomacia.
Consequências
A guerra teve implicações profundas para muitas nações.
O mundo árabe, que havia
sido humilhado pela derrota desproporcional da aliança egípcio-sírio-jordaniana
durante a Guerra dos seis dias, se sentiu
psicologicamente vingado por seu momento de vitórias no início do conflito,
apesar do resultado final.
Esse sentimento de vingança pavimentou o caminho
para o processo de paz que se seguiu.
Os acordos de Camp David em 1978,
levaram a relações normalizadas entre Egito e Israel - primeira vez que um
país árabe reconheceu o Estado israelense.
Uma das consequências desta guerra foi a crise do petróleo, já que os
estados árabes, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
boicotaram os Estados Unidos e os
países europeus que apoiavam a
sobrevivência de Israel.
Se a curto prazo a medida agravou a crise econômica
mundial, a longo prazo a comunidade internacional aprendeu a usar fontes
alternativas de energia, e inclusive outras áreas do planeta começaram a
aumentar a exploração de petróleo.
Hoje estamos em 2016 e graças a Deus o país está em paz. Apesar de sempre estarmos na iminência de uma guerra ou de um ataque terrorista, hoje com muito mais tecnologia para proteger seus cidadãos, sentimos-nos seguros e felizes por estarmos aqui.
Fontes: Wikipédia, revista Morashá, Internet
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