Israel... 3 anos
de aliá...virei israelense.
Meu coração era verde, amarelo , mas o azul e branco passou a ser metade dele, afinal, jamais esquecerei da minha pátria mãe, apesar dos pesares...
Uauuu!!!!
Como disse a
Rita Lee... Um belo dia resolvi mudar, fui fazer tudo que eu queria fazer...
O que posso te
dizer?
Não me arrependo
em nenhuma vírgula.
Tinha o sonho de
mocinha de fazer o exército aqui em israel. Meu pai não deixou.
Muito
ingênua e bobinha que era, acabei acatando as ordens de meu pai.
Coisas de muitas pessoas de uma geração que sofreu repressão por parte dos pais que tinham seus medos
e preconceitos, frutos de uma educação mais antiquada.
Na nossa adolescência não sabíamos o que era um
computador, um celular... hoje não imaginamos viver sem eles.
Muitas coisas
aconteceram no decorrer dos anos, mas em nenhum momento deixei de pensar na
possibilidade de vir para Israel.
A vida me trouxe
alguns obstáculos, mas eu tenho certeza de que a hora certa chegou quando tinha
que chegar.
Com 52 anos, num
determinado instante, resolvi que era ali, naquele momento ou nunca mais.
Fui contra várias
opiniões contrárias, fui a favor do meu coração.
Tinha que
decidir entre dois caminhos opostos e resolvi soltar minhas amarras e voar.
Fui corajosa?
Pode ser...
Fui ousada? Pode
ser...
Mas acima de
tudo, fui atrás do que eu queria, sabendo que enfrentaria várias
dificuldades. Mesmo assim resolvi mudar
tudo e mudei.
O amadurecimento
veio aos poucos, a cada dia, a cada nova situação.
Tive os momentos
aqui em Israel em que me perguntava... O que fiz da minha vida? O que eu tou
fazendo aqui?
Aquele grito
silencioso e ensurdecedor dizendo... pare o mundo que eu quero descer!!!!...
Mas sabe.... Se
eu não tivesse me dado essa oportunidade, eu certamente estaria arrependida
agora.
Cheguei sem nada
de hebraico. Comecei a estudar e foi muito complicado no começo.
Acabei
conseguindo trabalhos com brasileiros que
por um lado foi ótimo, por outro péssimo, pois meu hebraico não progrediu como
deveria.
Mas como dizem
aqui, leat leat (devagar, devagar), a gente chega lá.
Tantas coisas
aprendi ao longo desse tempo...
Aprendi a me
respeitar mais, aprendi a ousar, aprendi a me amar mais, aprendi que somos
humanos e precisamos muito das pessoas, aprendi que é muito necessário investir
nos amigos...
Aqui precisamos
de amigos, de gente por perto. Estamos num país de cultura diferente, outros
costumes, outra língua, outras regras...
Nem todos conseguem se adaptar...
Temos que
ter a consciência de que tem gente com defeitos e qualidades como todos nós.
Aprendi que um sorriso, uma boa palavra pode abrir muitas portas...
Aprendi que não
podemos deixar ninguém nos comandar, temos que remar em nosso próprio barco.
Podem ter vários barquinhos navegando juntos, mas cada um no seu comando.
Se tiver alguém
que seja uma boa companhia, que te faça crescer, se sentir feliz e não te
tolir, te envelhecer antes do tempo.
Hoje vejo que
muitas vezes por uma enorme carência e pelo medo da solidão, as pessoas acabam
perdendo o rumo e tomam atitudes que podem prejudicá-las num futuro próximo,
ocasionando frustração e infelicidade.
Por isso o amor
próprio, exigir respeito, gritar mais alto com quem grita contigo, seguir seus sonhos, criar suas próprias metas e alcançá-las é
fundamental.
Vir para Israel,
significa se desapegar de bens materiais, de costumes de anos.... Significa
estar aberto a novas experiências, perder as frescuras, se acostumar com a não
mordomia...
A janela tá
suja? A geladeira precisa ser limpa? Roupa prá lavar? Pois é... mãos à obra!!! Vamos limpar!!!!
Vir prá Israel
significa mudar o metabolismo, pois aqui o clima, a água são diferentes.
Significa também aprender a enfrentar um calor infernal no verão e presenciar
as tempestades de areia no deserto que causam sérios problemas para muita
gente.
Vir para cá, requer entre outras coisas ter
garra, perseverança, resiliência, paciência e equilíbrio para ajustar-se a uma nova cultura
e muita paixão pelo que está se
fazendo. Requer despir-se de conceitos e
pré- conceitos e encarar o que vier pela frente de coração aberto, sem medo e
com muito orgulho.
Quando recomeçamos nossas vidas aqui,
comparo ao nascimento de um bebê.
Nascemos, renascemos.... Começamos aos
poucos a descobrir um novo mundo. Vamos devagar balbuciando e aprendendo novos
hábitos e costumes. No início tudo é um deslumbre. Ao passar uns meses
percebemos algumas dificuldades, pois somos totalmente dependentes por não
falarmos a língua e não conhecermos muito bem as novas regras, os novos
hábitos. Começamos a querer engatinhar e
entender algumas palavras. Aos poucos vamos absorvendo mais e mais o
vocabulário e vamos vencendo o medo de falar errado, falando. São os
primeiros passos de um novo caminho.
Aos poucos vamos nos libertando.. a cada
dia um degrau a mais, um novo caminho, uma nova conquista.
Vir para Israel
significa aprender a administrar a saudade, as lágrimas que vira e mexe
aparecem sorrateiramente em nossos olhos...
Ninguém disse
que seria fácil. Mas vai muito da tua forma de ver, de encarar os novos
horizontes que a vida nos traz. As vezes sombrios e outras extremamente ensolarados.
É preciso
coragem e muita fé. É um constante aprendizado, um caminho sem volta, pois
mesmo que você volte ao teu lugar de origem, você nunca mais será o mesmo.
Passei por uma
guerra, aprendi a compreender melhor o comportamento do israelense. O porque de
tanta aspereza num primeiro momento. Mas nada que um sorriso, um gesto
simpático não quebre esse gelo.
Ao escutar cada
sirene na época da guerra da faixa de Gaza, me sentia ainda mais orgulhosa de
estar vivendo aqueles momentos difíceis aqui.
Presenciar a união
do povo em prol do nosso exército, fazendo mutirões para enviar alimentos e
bens de primeira necessidade aos soldados que estavam no campo de batalha nos
defendendo... um orgulho só!!!!
Conheci pessoas
muito especiais que prá sempre ficarão em meu coração e a cada dia vamos
conquistando novos espaços, novas visões, novas perspectivas...
Aqui tenho uma
pequena família de pessoas que se ajudam e se confraternizam. Cada um com suas
idiossincrasias, qualidades e defeitos, mas na hora do aperto estão lá pertinho
uns dos outros. Amigos de verdade são poucos, mas existem e são um verdadeiro
tesouro.
Agora.... tem
detalhes peculiares desse país que somente quem já viveu para entender.
Aqui você sente
a fé, você sente a união diante de determinados momentos, determinadas datas
judaicas. Existe uma energia diferente que somente nessa terra sentimos e isso
não tem dinheiro que pague.
Temos guerras,
intifadas, ameaças, mísseis que pipocam de vez em quando, moramos num barril de pólvora... Mas apesar de tudo,
nos sentimos seguros. Trabalhamos muito, pois o custo de vida não é baixo, mas
vivemos.
Enfim... Poderia
ficar horas escrevendo, falando de coisas boas e ruins que tem aqui, mas posso
dizer com toda certeza que vivo um dia de cada vez e que valeu a pena cada segundo
que passei e passo por aqui.
A vida nos foi
dada para ser vivida e temos obrigação de fazermos o melhor que podemos com
este bem precioso que nos pertence. Não sabemos por quanto tempo e por isso precisamos
aproveitar cada instante.
Obrigada pelo
apoio, por caminharem comigo, por prestigiarem meu blog, minhas postagens e
minha arte.
Aliás, a minha arte é uma dos elementos que contribui muito para
enfrentar as marés baixas das emoções e faz
desse meu vôo uma viagem de paz e alegrias, mesmo com as tempestades que
surgem no meio do caminho.
Que possamos
comemorar sempre as nossas conquistas, os nossos desapegos e nossas descobertas.
Se ficarei aqui
para sempre???
Para sempre são
palavras muito fortes. Eu não sei... mas fato é que agora estou aqui e nem tão
cedo pretendo ir embora.
Te digo com veemência....Nunca desista de seus
sonhos!!!! A vida é uma só, muito curta e merece ser vivida.
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